terça-feira, 2 de junho de 2015

Primos


Primos é o que somos
Ainda pequenos me recordo dos poucos encontros na sua casa
Lembro-me da rede que ficava na varanda
Da tia a resmungar e o tio fissurado pelo Vasco
Da piscina que você já começava a nadar e eu com medo de entrar

Não a culpa entre nós
Afinal éramos crianças
O problema já existia
Já estava consolidado 
Sinto-me condenada pelas circunstâncias
Olho para trás e só vejo um ponto de interrogação
Uma saudade dos que foram
Uma tristeza pelas maldades do meu pai
Um enorme vazio pela frieza do tio

Você alguma vez viu a L.?
Uma inocente no meio de um fogo cruzado
Um bebê já condenado ao desprezo

Se você me perguntar e agora o que fazer?
Eu não sei te responder
Muitas vezes tentei me aproximar
Muitas vezes quis sumir
Por pouco não surtei

Gabriela Devaneios

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